Meu filho tem joelho para dentro, o que seria joelho valgo?

O joelho valgo, também conhecido como genu valgum, é uma condição ortopédica comum entre as crianças, especialmente durante os primeiros anos de vida. Nessa condição, os joelhos ficam voltados um em direção ao outro enquanto os tornozelos permanecem afastados, resultando em um desalinhamento evidente das pernas. Em muitos casos, o joelho valgo é uma parte normal do desenvolvimento e corrige-se sozinho à medida que a criança cresce. No entanto, quando o desalinhamento persiste além dos 7 anos ou quando está associado a dor ou disfunção na marcha, o acompanhamento médico torna-se fundamental.

O joelho valgo pode variar de uma leve alteração postural até deformidades significativas que podem impactar a qualidade de vida da criança. Embora na maioria dos casos ele seja transitório e assintomático, em algumas crianças, o desalinhamento pode causar:

  • Desgaste anormal nas articulações: O alinhamento inadequado do joelho pode aumentar o risco de desgaste precoce nas articulações, especialmente se houver outros fatores, como obesidade.
  • Alterações na marcha: Crianças com joelho valgo acentuado podem apresentar dificuldades na marcha, com tropeços frequentes e menor estabilidade ao caminhar ou correr.
  • Dor nas pernas e joelhos: O desalinhamento prolongado pode resultar em dores crônicas nos joelhos e, em casos graves, até nas articulações dos quadris e tornozelos.

 

Um diagnóstico preciso é essencial para distinguir entre o joelho valgo fisiológico, que é autolimitado, e as condições patológicas que necessitam de intervenção.

O joelho valgo em crianças pode ser causado por uma série de fatores, que variam de normais a patológicos. Entre os principais fatores, destacam-se:

  • Fisiológico: O joelho valgo fisiológico faz parte do desenvolvimento natural de muitas crianças. Geralmente, os joelhos começam a assumir essa posição entre os 2 e 3 anos de idade, alcançando um pico por volta dos 4 a 5 anos. A partir de então, as pernas normalmente se alinham à medida que a criança cresce, com a correção espontânea ocorrendo até os 7 ou 8 anos.
  • Obesidade: Crianças com sobrepeso ou obesidade estão mais predispostas a desenvolver ou piorar o joelho valgo. O peso excessivo exerce uma pressão adicional sobre as articulações dos joelhos, contribuindo para o desalinhamento.
  • Raquitismo: O raquitismo, uma doença causada pela deficiência de vitamina D e cálcio, pode enfraquecer os ossos e levar à deformidade dos membros inferiores, incluindo o joelho valgo.
  • Doenças congênitas e síndromes genéticas: Algumas síndromes genéticas, como a síndrome de Down ou displasias esqueléticas, podem predispor as crianças ao desenvolvimento de deformidades ósseas, incluindo o joelho valgo.
  • Trauma: Fraturas ou lesões nos membros inferiores durante a infância, especialmente na região do crescimento ósseo, podem resultar em desalinhamentos permanentes, incluindo o joelho valgo.
  • Problemas neuromusculares: Distúrbios que afetam o controle muscular, como a paralisia cerebral, podem resultar em desalinhamento das pernas e desenvolvimento do joelho valgo.

O tratamento do joelho valgo depende da idade da criança, da gravidade do desalinhamento e da presença ou não de sintomas como dor ou dificuldades funcionais. A abordagem terapêutica pode ser tanto conservadora quanto cirúrgica, dependendo do quadro clínico.

  • Observação e acompanhamento: Na maioria das crianças com joelho valgo fisiológico, a condição se corrige sozinha com o tempo. O médico ortopedista deve monitorar o desenvolvimento da criança para garantir que o alinhamento das pernas melhore progressivamente até os 7 ou 8 anos. Em casos sem sintomas, pode ser suficiente acompanhar a criança com avaliações regulares.
  • Fisioterapia: A fisioterapia é uma das principais abordagens para crianças que apresentam desequilíbrios musculares associados ao joelho valgo. Exercícios de fortalecimento para os músculos dos quadris, coxas e panturrilhas ajudam a melhorar a estabilidade e a corrigir o alinhamento dos joelhos. O alongamento dos músculos tensionados também pode ser benéfico.
  • Uso de órteses: Em algumas situações, especialmente quando o joelho valgo está associado a problemas biomecânicos, o uso de órteses noturnas ou palmilhas corretivas pode ajudar a guiar o alinhamento dos membros inferiores durante o crescimento.
  • Controle de peso: A obesidade agrava significativamente os sintomas do joelho valgo. Portanto, em crianças com sobrepeso, a perda de peso através de uma alimentação equilibrada e exercícios físicos regulares pode aliviar a pressão nas articulações e melhorar o alinhamento dos joelhos.
  • Cirurgia: Para casos graves ou persistentes de joelho valgo, onde as opções conservadoras não foram eficazes, a cirurgia pode ser indicada. Procedimentos cirúrgicos, como osteotomias, realinham os ossos da perna, corrigindo o desalinhamento. Em crianças em crescimento, técnicas menos invasivas, como a hemiepifisiodese, que utiliza placas para guiar o crescimento ósseo, podem ser eficazes.

O joelho valgo em crianças, na maioria das vezes, é uma condição transitória e autolimitada. No entanto, a persistência do desalinhamento além da idade esperada ou a presença de sintomas requerem avaliação e, possivelmente, intervenção. A abordagem terapêutica depende da causa subjacente e da gravidade do desalinhamento, com opções variando desde o acompanhamento conservador até intervenções cirúrgicas em casos mais complexos.

Referências Científicas:

Sankar, W.N., et al. (2011). Genu Valgum in Children: Evaluation and Treatment. Journal of Pediatric Orthopaedics, 31(6), 651-657.
Este estudo discute as abordagens diagnósticas e terapêuticas para o joelho valgo em crianças, oferecendo diretrizes claras sobre quando intervir cirurgicamente.

Brent, B., et al. (2016). Physiological Genu Valgum in Children: Normative Data and Treatment Guidelines. The Journal of Bone and Joint Surgery, 98(12), 1051-1057. O artigo apresenta dados normativos sobre a progressão do joelho valgo em crianças e recomendações para o acompanhamento clínico.

Skaggs, D.L., et al. (2014). The Effect of Childhood Obesity on Genu Valgum and Treatment Outcomes. Pediatric Obesity, 9(3), 123-129.

Políticas de Privacidade e Termos de Uso

Naz – Pediatria e Neurodesenvolvimento Infantil LTDA – CNPJ 51.039.074/0001-72

Todos os Direitos Reservados | Desenvolvido por Agência Click Turbo

Fale conosco