Crescimento é um dos sinais mais evidentes e observados no desenvolvimento infantil. Quando uma criança parece ser a menor da sala ou muito mais baixa do que seus colegas, é comum que os pais fiquem apreensivos. Embora nem toda criança que apresenta um crescimento mais lento tenha um problema de saúde, é fundamental entender o que pode estar acontecendo. Diferentes fatores, que vão desde características familiares até condições médicas, podem influenciar a altura de uma criança. Mas quando é hora de se preocupar e buscar ajuda médica?
Baixa estatura é definida como a altura de uma criança estar abaixo do percentil 3 para a sua idade e sexo em uma curva de crescimento padrão. Em outras palavras, isso significa que apenas 3% das crianças da mesma idade têm altura inferior à daquela criança. Para os pais, especialmente em um ambiente escolar onde as comparações com outras crianças são frequentes, essa condição pode ser motivo de preocupação.
Além de possíveis questões de saúde, a baixa estatura pode ter impacto psicológico, uma vez que as crianças podem se sentir diferentes dos seus colegas, o que pode afetar sua autoestima. A preocupação de que algo possa estar errado pode gerar ansiedade nas famílias, levando à busca por respostas médicas.
Existem diversas causas para o crescimento inadequado, e elas podem ser divididas em causas fisiológicas, genéticas, endócrinas, nutricionais, além de doenças crônicas e fatores emocionais.
1. Variações normais no crescimento
Nem todas as crianças que são menores do que os colegas têm um problema de saúde. Duas causas fisiológicas são frequentemente identificadas:
2. Distúrbios endócrinos
Distúrbios hormonais são uma causa comum de baixa estatura e precisam ser investigados caso a criança apresente outros sinais além do crescimento lento.
3. Doenças crônicas
Algumas condições médicas crônicas podem interferir diretamente no crescimento de uma criança, afetando o metabolismo ou a absorção de nutrientes.
Doença celíaca: A intolerância ao glúten pode impedir a correta absorção de nutrientes no intestino, levando a deficiências nutricionais que afetam o crescimento. Muitas vezes, a baixa estatura pode ser o único sintoma da doença celíaca em crianças.
Doenças inflamatórias intestinais: Condições como a doença de Crohn e a colite ulcerativa podem interferir no crescimento infantil devido à inflamação crônica, má absorção de nutrientes e, em alguns casos, uso prolongado de corticoides, que podem impactar negativamente o crescimento.
Doenças renais e cardíacas: Doenças crônicas que afetam o coração ou os rins podem impactar o crescimento ao alterar o metabolismo e o equilíbrio de fluidos e nutrientes no corpo.
4. Deficiências nutricionais
A alimentação tem um papel central no desenvolvimento infantil. Se a criança não está recebendo os nutrientes adequados, como proteínas, cálcio, vitamina D e outros, pode haver um impacto direto no crescimento. Crianças com dietas restritivas, seletivas ou com dificuldades alimentares podem sofrer de desnutrição, o que pode levar a um crescimento inadequado.
5. Fatores emocionais e ambientais
O ambiente familiar e a saúde emocional da criança também são fatores importantes no crescimento. Situações de estresse crônico, traumas, negligência e abuso podem influenciar negativamente o crescimento. Além disso, fatores como a pobreza, falta de acesso a cuidados médicos e dieta insuficiente podem contribuir para o problema.
Nem todas as crianças que são menores que seus colegas necessitam de intervenção médica. No entanto, é importante que os pais estejam atentos e, em caso de dúvida, busquem a avaliação de um pediatra. O pediatra acompanhará o crescimento da criança ao longo do tempo e, se necessário, indicará exames para investigar possíveis causas patológicas.
1. Acompanhamento com o pediatra
O primeiro passo para investigar o crescimento inadequado é o acompanhamento pediátrico. O pediatra pode comparar as medidas de altura e peso da criança com as curvas de crescimento e realizar uma anamnese detalhada para identificar fatores que possam estar interferindo no crescimento.
Exames como radiografias de idade óssea, exames de sangue e testes hormonais são algumas das ferramentas que o pediatra pode utilizar para avaliar o estado de saúde da criança e identificar possíveis condições subjacentes.
2. Tratamento com endocrinologista pediátrico
Se for identificada uma condição endocrinológica, como a deficiência de hormônio do crescimento ou o hipotireoidismo, o tratamento geralmente envolve a administração de hormônios. Para crianças com deficiência de hormônio do crescimento, por exemplo, a administração de GH sintético é uma solução eficaz, demonstrando resultados significativos no aumento da altura final da criança (Cohen et al., 2019).
3. Reeducação nutricional
Se o problema for relacionado à dieta, o acompanhamento com um nutricionista infantil pode ser essencial. Garantir que a criança receba todos os nutrientes necessários para o crescimento adequado é um passo importante para melhorar o desenvolvimento. Em casos de doença celíaca ou intolerâncias alimentares, a remoção do glúten ou outros alimentos problemáticos pode permitir que a criança recupere o crescimento esperado.
4. Apoio psicológico
Nos casos em que o estresse ou fatores emocionais desempenham um papel no crescimento inadequado, o apoio de um psicólogo infantil pode ajudar a criar um ambiente emocionalmente saudável, permitindo que a criança cresça e se desenvolva adequadamente.
Embora a baixa estatura possa ser uma causa de preocupação para muitos pais, é importante lembrar que nem sempre indica um problema de saúde grave. Variações no ritmo de crescimento são comuns, e muitas crianças que são menores que seus colegas acabam alcançando uma altura normal com o tempo.
No entanto, é essencial que os pais fiquem atentos a sinais adicionais e consultem um pediatra para garantir que o crescimento da criança esteja dentro da normalidade. Um diagnóstico precoce de condições subjacentes pode fazer uma grande diferença no tratamento e nos resultados finais do crescimento infantil.
Referências
Cohen, P., Rogol, A. D., Deal, C. L., Saenger, P., Reiter, E. O., Ross, J. L., … & Wit, J. M. (2019). Consensus statement on the diagnosis and treatment of children with idiopathic short stature: A summary of the Growth Hormone Research Society, the Lawson Wilkins Pediatric Endocrine Society, and the European Society for Paediatric Endocrinology Workshop. Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, 94(6), 2327-2333.
Collett-Solberg, P. F., Ambler, G., Backeljauw, P. F., Bidlingmaier, M., Biller, B. M., Boguszewski, M., … & Wit, J. M. (2019). Diagnosis, genetics, and therapy of short stature in children: a Growth Hormone Research Society perspective. Hormone Research in Paediatrics, 92(1), 1-14.
Lindsay, R., Feldkamp, M., Harris, D., Robertson, J., & Rallison, M. (2018). Utah growth study: growth standards and the prevalence of growth hormone deficiency. Journal of Pediatrics, 123(1), 29-35.
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