Meu filho anda na ponta dos pés: O que significa a marcha em equino?

Muitos pais se preocupam quando seus filhos pequenos continuam andando na ponta dos pés após os primeiros anos de vida. Essa condição, conhecida como marcha em equino, pode ter várias causas, desde fatores benignos e transitórios até problemas de saúde mais sérios. Embora seja comum que as crianças andem assim temporariamente enquanto aprendem a andar, a persistência desse padrão de marcha exige uma avaliação mais detalhada.

Este artigo explora as causas, os diagnósticos e as opções de tratamento da marcha em equino, oferecendo uma visão clara para pais e profissionais da saúde.

O que é marcha em equino? A marcha em equino é um padrão de andar em que a criança não apoia os calcanhares no chão, permanecendo com os pés nas pontas, semelhante ao movimento de um equino. Esse tipo de marcha é esperado em crianças nos estágios iniciais de aprendizado da caminhada, entre os 12 e 18 meses de idade. No entanto, quando a marcha persiste além dos 3 anos, pode indicar uma anomalia no desenvolvimento motor ou uma condição patológica subjacente.

Os sinais típicos da marcha em equino incluem:

  • Calcanhares que não tocam o chão ao caminhar.
  • Rigidez nos músculos da panturrilha, com dificuldade em alongar o tendão de Aquiles.
  • Desequilíbrio ou dificuldade para andar de maneira estável.
  • Queixas de dor nas pernas ou tornozelos após caminhar por longos períodos.

 

Esses sintomas podem variar de intensidade dependendo da causa subjacente, e alguns casos podem ser assintomáticos, sendo a marcha em equino o único sinal presente.
As causas da marcha em equino podem ser variadas e abrangem desde questões benignas até condições clínicas complexas:

Causas Funcionais (não patológicas):

  • Marcha idiopática na ponta dos pés: Em algumas crianças, a marcha em equino é simplesmente um hábito, sem que haja uma causa subjacente. Esse padrão de marcha é conhecido como “marcha idiopática” e costuma ser resolvido com o tempo, sem intervenção clínica.
  • Desenvolvimento motor normal: Nos primeiros anos de vida, algumas crianças alternam entre andar com os calcanhares e na ponta dos pés. Esse comportamento costuma desaparecer até os 3 anos de idade.

 

Causas Neuromusculares (patológicas):

  • Paralisia cerebral: Um dos principais motivos para a marcha em equino é a paralisia cerebral espástica, uma condição em que a espasticidade dos músculos impede que o pé seja completamente flexionado. O tendão de Aquiles encurta, resultando na marcha constante na ponta dos pés.
  • Distrofia muscular: Crianças com distrofia muscular podem apresentar fraqueza nos músculos do pé e do tornozelo, o que dificulta a deambulação normal.
  • Mielomeningocele: Um tipo de espinha bífida que afeta a mobilidade dos membros inferiores, podendo resultar na marcha equina.
  • Autismo: Em algumas crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), a marcha em equino pode estar relacionada a distúrbios sensoriais ou padrões repetitivos de comportamento motor.

 

Outras Causas Ortopédicas:

  • Encurtamento congênito do tendão de Aquiles: Algumas crianças nascem com o tendão de Aquiles encurtado, o que limita a flexão do pé e resulta na marcha em equino.
  • Pé equino congênito: Também conhecido como pé torto congênito, esta condição se caracteriza por uma deformidade do pé que faz com que ele se incline para dentro e para baixo, causando a marcha na ponta dos pés.

O diagnóstico da marcha em equino envolve uma avaliação clínica detalhada. O exame físico visa avaliar a amplitude de movimento do tornozelo, o comprimento do tendão de Aquiles e a força muscular. Além disso, o médico deve verificar se há sinais de espasticidade muscular ou anormalidades neurológicas.

Se houver suspeita de envolvimento neurológico ou muscular, o médico pode solicitar exames complementares, como:

  • Exames de imagem (radiografias, ressonância magnética): Utilizados para avaliar anomalias ósseas ou musculares.
  • Eletromiografia (EMG): Teste para avaliar a atividade elétrica dos músculos e identificar distúrbios neuromusculares.
  • Avaliação neurológica: Para investigar paralisia cerebral ou outras condições associadas.

O tratamento para a marcha em equino depende da causa subjacente. As opções de tratamento incluem:

Tratamento Conservador:

  • Fisioterapia: É a primeira linha de tratamento em muitos casos. A fisioterapia pode ajudar a alongar o tendão de Aquiles, melhorar a amplitude de movimento do tornozelo e fortalecer os músculos das pernas. Em crianças com marcha idiopática ou leve encurtamento do tendão de Aquiles, a fisioterapia pode ser suficiente para resolver o problema.
  • Órteses: Dispositivos como órteses tornozelo-pé (AFOs) podem ser usados para posicionar o pé corretamente e prevenir a deformidade adicional. As órteses são especialmente úteis em crianças com paralisia cerebral ou outras condições neurológicas.
  • Terapias complementares: Incluem o uso de alongamento passivo, tala noturna e bandagem funcional para ajudar a corrigir o padrão de marcha.

Tratamento Cirúrgico:

  • Alongamento do tendão de Aquiles: Quando o encurtamento do tendão é significativo e não responde ao tratamento conservador, uma cirurgia para alongamento do tendão de Aquiles pode ser indicada. Essa cirurgia permite que o pé tenha uma maior amplitude de movimento e melhora a capacidade de caminhar corretamente.
  • Correção de deformidades congênitas: Em casos de pé equino congênito, cirurgias corretivas podem ser necessárias para reposicionar os ossos e ligamentos do pé e melhorar o padrão de marcha.

O prognóstico da marcha em equino varia de acordo com a causa subjacente. Em crianças com marcha idiopática, o problema geralmente se resolve por conta própria ou com intervenção mínima. No entanto, em crianças com condições neuromusculares, o tratamento precoce e contínuo é crucial para melhorar a função motora e prevenir complicações a longo prazo.

A marcha em equino pode ser um sinal de condições neuromusculares, ortopédicas ou simplesmente um hábito temporário na infância. A avaliação precoce e o tratamento adequado são essenciais para garantir que a criança tenha o melhor prognóstico possível. Pais e profissionais de saúde devem estar atentos a sinais de persistência da marcha em equino e buscar orientação médica se houver dúvidas sobre o desenvolvimento motor da criança.

Referências Científicas

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Engström, P., Tedroff, K. (2012). The prevalence and course of idiopathic toe-walking in 5-year-old children. Pediatrics, 130(2), 279-284.

Dietz, F. R., & Khoury, J. G. (2009). The differential diagnosis of idiopathic toe walking. Journal of Pediatric Orthopedics, 29(4), 399-403.

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